Com nota 900 na redação do Enem, presidiária no Ceará é aprovada no Sisu para UFC


Se não tivesse de pagar 25 anos de reclusão, a alegria da paulista Cynthya Corvello, 40, seria completa. Detenta do Instituto Penal Feminino Auri Moura Costa, único presídio feminino do Ceará, Cynthya fez o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) e conseguiu se classificar na primeira chamada do Sisu (Sistema de Seleção Unificado) para uma vaga em História na UFC (Universidade Federal do Ceará).
Na sua opinião, foi a sua boa pontuação na redação que fez com que ela garantisse a aprovação. Ela atingiu a nota de 900 – o máximo é de 1.000 pontos.
Cynthya Corvello, 40 fez o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) 2011 tirou 900 na redação, numa escala que vai até 1.000. Na opinião dela, foi essa boa pontuação que lhe garantiu a aprovação em história na UFC (Universidade Federal do Ceará) Jarbas Oliveira/UOL
 “Na realidade, não imaginava que fosse conseguir. Não achava que tinha capacidade intelectual”, descreve, emocionada. Cynthya foi condenada a 25 anos de reclusão, em regime fechado, por coautoria em duplo homicídio seguido de roubo, ocorrido há quase 20 anos, em 1993. O problema é que ela ficou foragida até 1998, quando resolveu apresentar-se numa delegacia do Ceará. “Fiquei presa de 1998 a 1999, depois consegui um semi-aberto até o julgamento, em 2006”. Condenada a 25 anos e quatro meses, ela pagou, até agora, dois anos e sete meses da pena.
A decisão de se inscrever no Enem veio de um estímulo de umas professoras dos EJA (Educação de Jovens e Adultos), que dão aula no presídio feminino. “A Magnólia me estimulou dizendo que a prova era muito mais para saber se as teorias da sala de aula se aplicam no cotidiano dos alunos”, conta. No presídio, outras 14 detentas também fizeram o Enem. Seis delas conseguiram certificação do ensino médio.
Cynthya já havia terminado o Ensino Médio há vários anos, mas assistia, vez ou outra, às aulas como ouvinte na turma de terceiro ano no presídio. Na maior parte do tempo, ela se dedica à organização da biblioteca. E é lá que reserva espaço para seus autores favoritos: Nietzsche, Lya Luft, Kafka. E foi também no meio dos livros, com sua jornada de 4 horas na biblioteca que ela conquistou mais de um ano de remição da pena.
Se a presidiária somar os dias de remição de pena que ganhou – a cada três dias trabalhados, ela fica com um dia a menos na pena – ela teria direito ao regime semiaberto daqui oito meses. “Vou ter que contar com a boa vontade do juiz”, disse. O pedido para a liberação para as aulas já foi feito, pela Defensoria Pública, através do Núcleo para Presos Condenados, que acompanha o caso de Cynthya. O resultado deve sair antes do começo das aulas.
Inscrição sob escolta
Para conseguir se inscrever na primeira chamada da universidade, Cynthya precisou contar com a sorte e boa vontade dos funcionários da UFC. Logo que soube do resultado, pediu que o pai, que mora em São Bernardo do Campo, em São Paulo, mandasse os documentos necessários, pelos Correios: histórico escolar e comprovante de segundo grau (o atual ensino médio). O material não chegou em tempo hábil. Ela teve de se inscrever com cópias.
E, com autorização judicial, chegou “aos 47 minutos do segundo tempo”, minutos depois do término das matrículas. “Tivemos de ligar e explicar tudo para eles”, diz, aliviada. Uma escolta de policiais militares acompanhou Cynthya até o Campus do Pici, da UFC, onde era realizada a matrícula.
A pré-universitária conta que está preparada para um possível preconceito que possa sentir nas salas de aula da universidade. “É um assunto complexo. Se eu tiver vergonha da minha situação de presa, não posso querer que as pessoas me tratem com respeito”, afirma.
Angélica Feitosa Do UOL, em Fortaleza

Reprovado no Enem


O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) foi criado pelo ex-ministro da Educação Paulo Renato de Souza, em 1998, como parte de um esforço para melhorar a qualidade das escolas desse ciclo educacional. Para isso precisava de um instrumento de avaliação do aproveitamento dos alunos ao fim do terceiro ano para subsidiar reformas no sistema. Iniciativas desse tipo também foram adotadas para o ensino fundamental e o universitário. Nada mais adequado que conhecer melhor o seu produto para adotar as terapias adequadas. O principal benefício para o estudante era avaliar o próprio conhecimento.
O Enem é uma prova voluntária e de caráter nacional. As questões são as mesmas em todo o Brasil. Sua expansão foi rápida: até 2002, cerca de 3,5 milhões de alunos já tinham sido avaliados. Note-se que Paulo Renato chegou a incentivar as universidades a levarem em conta o resultado do Enem em seus respectivos processos seletivos. Em 2002, 340 instituições já faziam isso.
Ainda que o PT e seus sindicatos tivessem combatido o Enem, o governo Lula manteve-o sem nenhuma modificação até 2008, quando o Ministério da Educação (MEC) anunciou, pomposamente, que ele seria usado como exame de seleção para as universidades federais, o que "acabaria com a angústia" de milhões de estudantes ao pôr fim aos vestibulares tradicionais. A partir dessa data, dados os erros metodológicos, a inépcia da gestão e o estilo publicitário (e só!) de governar, armou-se uma grande confusão: enganos, desperdício de recursos, injustiças e, finalmente, a desmoralização de um exame nacional.
O Enem, criado para avaliar o desempenho dos alunos e instruir a intervenção dos governos em favor da qualidade, transformou-se em porta de acesso - ou peneira - para selecionar estudantes universitários. Uma estupenda contradição! Lançaram-se numa empreitada para "extinguir os vestibulares" e acabaram criando o maior vestibular da Terra, dificílimo de administrar. A angústia de milhões de candidatos, ao contrário do que anunciou o então ministro Fernando Haddad, cresceu, em vez de diminuir. E por quê? Porque a um engano grave se juntou à inépcia.
Vamos ao engano. Em 2009 o Enem passou a usar a chamada Teoria da Resposta ao Item (TRI) para definir a pontuação dos alunos, tornados "vestibulandos". Mas se recorreu à boa ciência para fazer política pública ruim. A TRI mede a proficiência dos alunos e é empregada no Sistema de Avaliação da Educação Básica (Sabe) desde 1995, prova que não seleciona candidatos - pretende mostrar o nível em que se encontra a educação, comparar as escolas e acompanhar sua evolução, para orientar as políticas educacionais.
Como o Enem virou prova classificatória, o uso da TRI, que não confere pontos aos alunos segundo o número de acertos (Teoria Clássica dos Testes), renovou a "angústia". O "candidato" não tem ideia de que pontuação lhe vão atribuir porque desconhece os critérios do examinador. Uma coisa é empregar a TRI para avaliar o nível dos jovens; outra, diferente, é fazer dela um mistério que decide seu destino. Na verdade, o "novo" Enem passou a usar a TRI para, simultaneamente, selecionar alunos, avaliar o desempenho das escolas, criar rankings, certificar jovens e adultos que não completaram o ensino médio e orientar o currículo desse ciclo. Não há exame no mundo com tantas finalidade discrepantes.
A Teoria Clássica dos Testes não distingue o acerto derivado do "chute" do decorrente da sabedoria. A TRI pode ser mais apropriada como forma de avaliar o nível da educação, mas como critério de seleção vira um enigma para os candidatos. Os vestibulares "tradicionais", como a Fuvest, costumam fazer sua seleção em duas etapas: uma primeira rodada com testes e uma segunda com respostas dissertativas - que não comportam o chute.
O Enem-vestibular do PT concentrou, ainda, na prova de redação a demonstração da capacidade argumentativa do aluno. Além de as propostas virarem, muitas vezes, uma peneira ideológica, assistimos a um espetáculo de falta de método, incompetência e arbítrio. O País inteiro soube de um aluno, em São Paulo, que recorreu à Justiça e sua nota, de "anulada", passou para 880 pontos - o máximo é mil. Outro, ao receber uma explicação de seus pontos, constatou um erro de soma que lhe roubava 20 pontos. Outros 127 estudantes conseguiram ter suas notas corrigidas. Atentem para a barbeiragem técnica: nos testes, recorre-se à TRI para que o "chute" não tenha o mesmo peso do acerto consciente, mas o candidato fica à mercê de uma correção marcada pelo subjetivismo e pelo arbítrio.
É conhecida também a sucessão de outros problemas e trapalhadas: quebra do sigilo em 2009, provas defeituosas em 2010 e nova quebra de sigilo em 2011. Além disso, os estudantes que, via Justiça, cobram os critérios de correção das redações costumam receber mensagens com erros grotescos de português. Todos nós podemos escorregar aqui e ali no emprego da norma culta. Quando, porém, um candidato questiona a sua nota de redação e recebe do próprio examinador um texto cheio de erros, algo de muito errado está em curso.
Se o MEC queria acabar com os vestibulares, não poderia ter criado "o" vestibular. Se o Enem deve ser também uma prova de acesso à universidade, não pode ser realizado apenas uma vez por ano - prometem-se duas jornadas só a partir de 2013. A verdade é que o governo não criou as condições técnicas necessárias para que a prova tivesse esse caráter. A quebra de sigilo em 2011 se deu porque questões usadas como pré-testes foram parar na prova oficial. O banco de questões do Enem não suporta a demanda. O PT esqueceu-se de cuidar desse particular no afã de "mostrar serviço" - um péssimo serviço!
O ex-ministro Haddad, antes de deixar o cargo, fingiu confundir a crítica que fizeram a seu desempenho com críticas ao próprio Enem, o que é falso. Talvez seu papel fosse mesmo investir na confusão para tentar apagar as pegadas que deixou. O nosso papel é investir no esclarecimento.
José Serra, ex-prefeito e ex-governador de São Paulo - O Estado de S.Paulo

Os estranhos caminhos de um pedaço do Brasil


O documento inicial da ONU para a conferência Rio+20, a realizar-se em junho - comentado neste espaço na semana passada (20/1) -, menciona a necessidade de, na busca de um novo modelo de governança para o planeta, respeitar os direitos de comunidades indígenas, "que têm seus modos sustentáveis de uso de recursos naturais frequentemente marginalizados", levando-as a "altas taxas de pobreza". Não é uma afirmação gratuita. Vários estudos internacionais e brasileiros - inclusive do nosso Ministério do Meio Ambiente - mostram que os formatos mais adequados para a conservação da biodiversidade está nas áreas indígenas, mais eficazes até que os de áreas protegidas por lei. E isso é vital num momento em que vivemos uma crise global de recursos naturais, com mais de 30% das áreas da biodiversidade já perdidas, num caminho que só avança. E ainda com ameaças permanentes às áreas indígenas - já demarcadas ou não -, quando se deveria pensar em ampliar a proteção.
É questão de muitos séculos, que vem desde a época do "descobrimento". E que levou o antropólogo Lévi-Strauss, num de seus livros, a perguntar por que os "índios" brasileiros, que eram milhões, não massacraram os portugueses recém-chegados, que eram umas poucas centenas. Mas, ao contrário - como já foi lembrado aqui -, eles os trataram como fidalgos. Porque, diz Lévi-Strauss, na cosmogonia desses povos, a chegada do outro está sempre prevista. E esse outro é o limite da liberdade de cada indivíduo, porque tem os mesmos direitos que ele. Precisa ser respeitado.
Um forte exemplo das consequências dessa relação entre colonizadores e "índios" está no recém-lançado livro Rio Doce - A Espantosa Evolução de um Vale (Editora Autêntica), no qual o jornalista Marco Antônio Tavares Coelho decifra o aparente enigma de essa vasta parte de Minas Gerais haver permanecido durante séculos à margem da evolução que ocorreu no restante do território. Basicamente, porque a Coroa portuguesa quis deixar isolada essa porção, para não ser alvo da cobiça de outros colonizadores (a rainha Maria, a Louca, chegou a decretar a extinção ali das fábricas de tecidos). E porque, para manter o quadro que a beneficiava, bem como aos senhores de vastas extensões de terra, classificava como "botocudos" e "antropófagos" os "índios", por isso quase exterminados ao longo do tempo. Além de entender que a Mata Atlântica era fonte de "pestes" terríveis.
O panorama, mostra o livro, só começou a mudar no final do século 18, quando se pensou que a mineração estava esgotada em outras áreas do País e as migrações internas passaram a se concentrar no vale. A ocupação acentuou-se a partir da segunda década do século 20, com a forte concentração de poderosas empresas mineradoras e siderúrgicas nacionais e transnacionais. O modelo energético escolhido para a siderurgia - carvão - levou ao rápido avanço da derrubada da Mata Atlântica e do Cerrado, para o qual contribuiria também a transformação do Porto de Vitória no maior ponto de exportação de madeira no mundo.
Mas cerca de 200 municípios à margem da BR-040 (direção Rio-Brasília) permaneceram com altas taxas de pobreza, semelhantes às do Nordeste, e desertificação progressiva, enquanto do outro lado da rodovia pareciam seguir o modelo paulista. O modelo agropecuário, já observava Saint-Hilaire - que viajou pela região da Serra da Canastra na segunda década do século 19 -, "é baseado na destruição das florestas". E, acrescenta o autor do livro, no "genocídio dos botocudos", que "ocupavam um imenso território dos chamados sertões do Leste, nos vales dos Rios Mucuri, Doce e Jequitinhonha", que permaneceu intocado "até o início do século 19 por ser considerado 'zona proibida' pela Coroa portuguesa", que não podia "ser franqueada aos civilizados". Para a dizimação dos indígenas contribuiu fortemente a transmissão, pelos "civilizados", de doenças para as quais os antigos moradores não tinham defesas orgânicas. Há notícias até da inoculação proposital de sarampo em índios.
É útil e esclarecedor o histórico que o livro traz sobre a evolução da siderurgia no vale e os problemas dos modelos utilizados, até com subsídios oficiais para o reflorestamento com eucaliptos pós-derrubada da vegetação originária. Assim como os problemas gerados pelo modelo na área "ambiental", inclusive nos recursos hídricos, largamente utilizados - modelo que se repetiria depois na Amazônia. E que na parte de Minas retratada inclui áreas em desertificação, lagoas eutrofizadas, nascentes desprotegidas, retirada de mais de 90% da cobertura vegetal, poluição gerada pela deposição de resíduos industriais e domésticos, uso descontrolado de agrotóxicos, desequilíbrios causados pela implantação de barragens, inundações, escassez de água em alguns municípios. E tudo resultando em índices de desenvolvimento humano abaixo da média nacional. As águas na região, diz um relatório de 2007 do Instituto Mineiro de Gestão das Águas, têm altos índices de contaminação por alumínio, fósforo, manganês, ferro, óleo e graxas, cobre, arsênio, além de coliformes fecais (parte dos esgotos de estações de tratamento).
Nestes tempos de hoje, caracterizados pela escassez progressiva de recursos naturais - reconhecida agora mesmo pelos economistas mais conservadores -, é decisiva uma reflexão mais aprofundada, como propõe o livro, sobre essa extensa região brasileira, com seus recursos minerais e seus remanescentes de Mata Atlântica e Cerrado. O futuro passa por aí, têm dito muitos estudiosos ao discorrerem sobre a privilegiada situação brasileira. Lembrando, como propõe Marco Antônio Tavares Coelho, que é preciso pensar no importante papel das nações indígenas e de seus modos de viver - que, como diz no livro o competente Ailton Krenak, "estão sendo jogados num liquidificador", por nossas políticas que induzem uma aculturação disfarçada.
Washington Novaes, jornalista - O Estado de S.Paulo

Juiz dá 48h para governo de SP cumprir liminar da jornada dos professores


Justiça refuta proposta da Secretaria Estadual de Educação publicada nesta sexta-feira


Mariana Mandelli, de O Estado de S. Paulo

SÃO PAULO - A Justiça deu um prazo de 48 horas para o governo do Estado cumprir uma liminar favorável ao Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), em relação à jornada extraclasse dos professores, que consta da Lei do Piso Nacional.

A decisão foi tomada no final da tarde desta sexta-feira pelo juiz Luiz Manoel Fonseca Pires, da 3.ª Vara da Fazenda Pública do Tribunal de Justiça de São Paulo.

A lei, de 2008, garante que 33% da jornada do docente sejam utilizados para correção de provas, preparação de aulas e formação profissional, entre outras atividades que sejam realizadas fora da sala de aula.

Em seu despacho, o juiz considerou que a proposta do governo estadual para o cumprimento da lei, publicada hoje no Diário Oficial do Estado, não atende a liminar concedida. Ele diz que “a autoridade impetrada busca com a aritmética transformar o que foi dito”.

O magistrado também afirma que, “em caso de descumprimento, responderá a autoridade impetrada, em esfera própria, por sua resistência ao cumprimento da ordem judicial”.

A proposta do governo estadual diminui em uma aula a carga horária dos professores. No caso de uma jornada diurna de 40 horas semanais, por exemplo, o professor dará 32 aulas.

Além de tirar um aula, a secretaria instituiu como tempo livre do professor um período de 5,5 horas que estava em uma resolução de 2006.

Essa resolução – que agora foi revogada – determinava que o professor permanecesse 10 minutos a mais para cada aula e o do noturno, 15 minutos.

A regra considera uma lei anterior que determina que a duração da hora de trabalho é de 60 minutos – 50 são para ministrar aula. Esse tempo extra, pela resolução, era uma complementação da carga horária e deveria ser dedicado a atividades ligadas à docência.

Discordância

A Apeoesp pede que 7 horas sejam reduzidas, no caso da jornada de 40 horas. Dessa forma, os dois terços correspondentes ao período que o professor fica em sala de aula deveria ser de 26 aulas semanais.

A atribuição de aulas da rede estadual para 2012 começa na segunda-feira. A Apeoesp afirma que, caso o processo seja realizado em desacordo com a liminar concedida, não terá valor para o ano letivo.

A Secretaria Estadual da Educação afirmou, em nota, que ainda não foi notificada oficialmente sobre a decisão do juiz e que, “se for, tomará providências por meio da Procuradoria-Geral do Estado”.

Ainda de acordo com a pasta, a atribuição de aulas terá início na segunda-feira para “não comprometer o início do ano letivo, em 1.º de fevereiro”.

Se houver notificação judicial sobre o tema, o governo estadual paulista afirma que adotará as medidas cabíveis.

Veja também: 

Alunos: Já está diponível a certificação pelo Enem 2011. Acesse!

Os alunos que não concluíram o Ensino Médio em idade apropriada, inclusive às pessoas privadas de liberdade e que estão fora do sistema regular, já podem solicitar o certificado de conclusão do Ensino Médio pelo Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) 2011.

A certificação é realizada pelo INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) em parceria com a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo e oferecida para aqueles que não tiveram a oportunidade de concluir os estudos na idade apropriada.

Justiça obriga SP a alterar jornada de professores fora de sala


A Justiça determinou nesta sexta-feira que a Secretaria da Educação de São Paulo deve alterar a nova jornada de trabalho dos professores e seguir a sugerida pelos sindicatos.

No "Diário Oficial" de hoje, a pasta informou que os professores iriam dar uma aula a menos na semana, para que tivessem mais tempo para atividades como correção de provas e preparação de aulas (considerando a jornada de 40 horas semanais).

A Apeoesp (sindicato docente), porém, entendia que deveriam ser transferidas o equivalente a sete aulas, para o total cumprimento da lei nacional do piso do magistério.

O sindicato entrou com pedido na Justiça e foi atendido.

No despacho, a Justiça afirma que o governo buscava "com a aritmética transformar o que foi dito", uma vez que já havia decisão judicial de novembro exigindo o cumprimento integral da lei.

A secretaria afirmou que não iria se manifestar pois ainda não foi notificada. Com a decisão judicial, o governo pode ser obrigado a contratar mais de 50 mil professores, conforme estimativa citada no processo. A rede, atualmente, conta com cerca de 212 mil docentes.

A discordância nas contas do governo e dos sindicatos ocorre devido à diferença entre a quantidade de horas pagas e a de horas em sala. Na rede estadual, a aula possui 50 minutos (período diurno), mas o docente recebe por 60 minutos. Para a gestão Geraldo Alckmin (PSDB), a diferença de 10 minutos deve ser contada como jornada extraclasse.

FÁBIO TAKAHASHI  DE SÃO PAULO - Folha.com

MEC afirma que Enem não terá duas edições em 2012





O Ministério da Educação informou na noite desta sexta-feira que o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) terá apenas uma edição este ano, nos dias 3 e 4 de novembro.

Segundo o MEC, a realização de duas edições em 2012 sobrecarregaria as estruturas logísticas do exame.
Na quinta-feira (19), o ministro Fernando Haddad afirmou que a decisão judicial que determinou o acesso de todos os candidatos à redação do Enem dificulta ainda mais a possibilidade da realização de dois exames neste ano, como estava inicialmente previsto.

Na terça-feira (17), a Justiça Federal acatou o pedido da Procuradoria e concedeu liminar obrigando o ministério e o Inep, órgão responsável pelo Enem, a fornecerem acesso à prova de redação e ao espelho de correção para todos os 4 milhões de candidatos do último exame. O governo já recorreu da decisão.

EXIGÊNCIAS
O ministro, que vai deixar o cargo na próxima terça-feira para concorrer à Prefeitura de São Paulo, reforçou que não há condições técnicas atualmente para oferecer a redação para todos os candidatos.
"O coroamento do Enem passa por duas edições no ano e nós sabemos disso desde 2009. Mas não podemos colocar a máquina em fadiga, sobretudo com essas novas exigências que estão sendo feitas pelo Ministério Público", disse o ministro logo após participar do programa "Bom Dia Ministro", produzido pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência.

Haddad criticou o fato de que as exigências que estão sendo feitas ao Enem não se repetirem em nenhum outro vestibular.

"Por que um vestibular que tem 30 anos ainda não se preparou para isso e o Enem que tem três precisa se preparar no dia da divulgação do resultado?", questionou o ministro, que chegou a levantar a hipótese de que as ações contra o exame sejam políticas.

"Dá quase a impressão de que é uma questão ideológica que está por trás e não uma questão técnica séria. Será que é isso?". Ele também considerou que a decisão da Justiça Federal do Ceará "desconsiderou" outra de um juiz de Brasília que homologou um termo entre o ministério e o Ministério Público do Distrito Federal.
Fonte - Folha.com

Mobilização total pela jornada do piso!


Apeosp - Sem o cumprimento da liminar não tem atribuição de aulas ! Professor,  procure sua subsede, ingresse com mandado de segurança individual. Faça valer  seu direito!


Publicada nova resolução que determina a jornada de trabalho dos docentes em SP


Resolução SE 8, de 19-1-2012 - Dispõe sobre a carga horária dos docentes da rede estadual de ensino

O SECRETÁRIO DA EDUCAÇÃO, considerando o disposto no § 4º do artigo 2º da Lei federal nº 11.738, de 16 de julho de 2008, que dispõe sobre a composição da jornada de trabalho docente com observância ao limite máximo de 2/3 (dois terços) da carga horária para o desempenho das atividades de interação com os educandos, resolve:
Artigo 1º - Na composição da jornada semanal de trabalho docente, prevista no artigo 10 da Lei Complementar nº 836, de 30 de dezembro de 1997, com a redação dada pela Lei Complementar nº 1.094, de 16 de julho de 2009, observar-se-ão, na conformidade do disposto no § 4º do artigo 2º da Lei federal nº 11.738, de 16.7.2008, e do Parecer CNE/CEB nº 5/97, os seguintes limites da carga horária para o desempenho das atividades com os alunos:
I – Jornada Integral de Trabalho Docente:
a) total da carga horária semanal: 40 horas (2.400 minutos);
b) atividades com alunos: 26h40min (1.600 minutos);
II – Jornada Básica de Trabalho Docente:
a) total da carga horária semanal: 30 horas (1.800 minutos);
b) atividades com alunos: 20 horas (1.200 minutos);
III – Jornada Inicial de Trabalho Docente:
a) total da carga horária semanal: 24 horas (1.440 minutos);
b) atividades com alunos: 16 horas (960 minutos);
IV – Jornada Reduzida de Trabalho Docente:
a) total da carga horária semanal: 12 horas (720 minutos);
b) atividades com alunos: 8 horas (480 minutos).

Artigo 2º - Para cumprimento do disposto no artigo anterior, as jornadas de trabalho docente passam a ser exercidas em aulas de 50 (cinquenta) minutos, na seguinte conformidade:
I – Jornada Integral de Trabalho Docente:
a) 32 (trinta e duas) aulas;
b) 3 (três) aulas de trabalho pedagógico coletivo na escola;
c) 13 (treze) aulas de trabalho pedagógico em local de livre escolha;
II – Jornada Básica de Trabalho Docente:
a) 24 (vinte e quatro) aulas;
b) 2 (duas) aulas de trabalho pedagógico coletivo na escola;
c) 10 (dez) aulas de trabalho pedagógico em local de livre escolha;
III – Jornada Inicial de Trabalho Docente:
a) 19 (dezenove) aulas;
b) 2 (duas) aulas de trabalho pedagógico coletivo na escola;
c) 7 (sete) aulas de trabalho pedagógico em local de livre escolha;
IV – Jornada Reduzida de Trabalho Docente:
a) 9 (nove) aulas;
b) 2 (duas) aulas de trabalho pedagógico coletivo na escola;
c) 3 (três) aula de trabalho pedagógico em local de livre escolha.

Parágrafo único – Os docentes não efetivos, que não estão sujeitos às jornadas previstas no artigo anterior, serão retribuídos conforme a carga horária que efetivamente vierem a cumprir, observado o Anexo desta resolução, que também se aplica aos efetivos cuja carga horária total ultrapasse o número de horas da jornada de trabalho em que estejam incluídos.

Artigo 3º - Esta resolução entra em vigor na data de sua publicação, surtindo efeitos a partir de 1º de fevereiro de 2012, ficando revogadas as disposições em contrário, em especial a Resolução SE nº 18, de 24 de fevereiro de 2006.

ANEXO
(a que se refere o parágrafo único do artigo 2º)


Convocados devem fazer a matrícula no horário definido pela unidade de ensino

Já está disponível no site a lista de classificação geral dos candidatos que participaram do Vestibulinho das Escolas Técnicas Estaduais (Etecs) para o 1º semestre de 2012. A informação também pode ser conferida na Etec em que o candidato pretende estudar.

Os convocados devem fazer a matrícula, no horário definido pela unidade de ensino. Perderá direito à vaga quem não fizer a matrícula na data determinada ou deixar de apresentar os documentos exigidos. Confira o calendário:

* 19 e 20 de janeiro 1ª lista de convocação e matrícula;
* 23 e 24 de janeiro 2ª lista de convocação e matrícula;
* 26 de janeiro 3ª lista de convocação e matrícula;
* 27 de janeiro 4ª lista de convocação e matrícula;
* 30 de janeiro 5ª lista de convocação e matrícula.

Documentos para Matrícula

Para quem se inscreveu no Ensino Médio e no Ensino Técnico integrado ao Médio: requerimento de matrícula - será fornecido pela Etec - preenchido e assinado. Se o candidato tiver menos de 16 anos no momento da matrícula, caberá a seu responsável legal assinar o documento; cópia simples com apresentação do original da Cédula de Identidade (RG); duas fotos 3x4 recentes e iguais.

Quem tiver concluído o Ensino Fundamental regular, deve levar cópia simples com apresentação do original do Histórico Escolar com Certificado de Conclusão do Ensino Fundamental; ou documento original da Declaração de Conclusão do Ensino Fundamental, firmada pela direção da escola de origem, contendo a data em que o certificado e o histórico serão emitidos.

Quem tiver concluído o Ensino de Educação de Jovens e Adultos - EJA (supletivo) ou o Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos - Encceja, deve levar cópia simples com apresentação do original do Histórico Escolar com Certificado de Conclusão do Ensino Fundamental ou do boletim de aprovação do Encceja enviado pelo MEC ou documento original da Declaração de Conclusão do Ensino Fundamental, firmada pela direção da escola de origem, contendo a data em que o certificado e o histórico serão emitidos.

Para quem vai ingressar no curso Técnico: requerimento de matrícula - fornecido pela Etec -, preenchido e assinado. Se o candidato tiver menos de 16 anos, no momento da matrícula, caberá a seu responsável legal assinar o documento; cópia simples com apresentação do original da Cédula de Identidade (RG); duas fotos 3x4 recentes e iguais.

Quem fizer ou já tiver concluído o Ensino Médio regular, deve levar cópia simples com apresentação do original do Histórico Escolar com Certificado de Conclusão do Ensino Médio; ou documento original da Declaração de Conclusão do Ensino Médio, firmada pela direção da escola de origem, contendo a data em que o certificado e o histórico serão emitidos; ou documento original da declaração que o candidato está matriculado a partir da 2ª série do Ensino Médio.

Quem fizer ou já tiver concluído o Ensino de Educação de Jovens e Adultos - EJA (supletivo) ou o Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos - Encceja, deve levar cópia simples com apresentação do original do Histórico Escolar com Certificado de Conclusão do Ensino Médio ou documento original da Declaração de Conclusão do Ensino Médio, firmada pela direção da escola de origem, contendo a data em que o certificado e o histórico serão emitidos ou da declaração de que está matriculado a partir do segundo semestre da EJA, ou cópia simples com apresentação do original de dois certificados de aprovação em áreas de estudos da EJA ou do boletim de aprovação do Encceja emitido e enviado pelo MEC ou do certificado de aprovação do Encceja em duas áreas de estudos avaliadas, emitido e enviado pelo MEC, ou documentos que comprovem a eliminação de no mínimo quatro disciplinas.

Para o candidato que realizou o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) - Certificado ou Declaração de Conclusão do Ensino Médio, expedido pelos Institutos Federais ou pela Secretaria de Educação do Estado.

Para quem se inscreveu no Ensino Técnico Semipresencial (modalidade de Educação a Distância - EaD - Telecurso TEC) - fotocópia do CPF; e duas fotos 3x4 recentes e iguais.

O candidato que ingressou no Sistema de Pontuação Acrescida pelo item escolaridade pública, se convocado para matrícula, tanto para o Ensino Médio como para o Ensino Técnico, deverá, obrigatoriamente, levar a cópia simples com apresentação do original da declaração escolar ou do histórico escolar, contendo o detalhamento das séries cursadas e o nome da escola, para comprovar que cursou integralmente da 5ª a 8ª série ou do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental em instituições públicas.

Outras informações pelos telefones (11) 3471-4071 (Capital e Grande São Paulo) e 0800-772 2829 (demais localidades) e pelo site.

Do Centro Paula Souza

Escolas: pouca tecnologia e interatividade


Para o sociólogo Marco Silva, redes pública e privada falham ao não pensar a tecnologia dentro das práticas docentes.

entrevistamarco 211x300 Escolas: pouca tecnologia e interatividade
 Foto: Marcelo Carnaval

A notícia de que o Ministério da Educação vai distribuir tablets, computadores pessoais portáteis do tipo prancheta, reacendeu a discussão a respeito da invasão das novas tecnologias no ambiente educacional brasileiro.

O objetivo do novo programa, que deve entrar em vigor em 2012, segundo o ministro Fernando Haddad, é universalizar o acesso dos alunos à tecnologia. Em paralelo aos esforços do MEC, persiste um abismo entre a chegada dos aparelhos às escolas e a sua efetiva utilização pelos docentes.

Uma recente pesquisa, realizada pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil com 1.541 professores de 497 escolas de todas as regiões do país, revelou que 64% dos professores sentem que os alunos dominam melhor as ferramentas do que eles. Outros 24% afirmam que não sabem o suficiente para usar a máquina na aula. Sociólogo e doutor em educação, o professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, Marco Silva, 56 anos, discute com Carta na Escola a presença dos computadores e tablets nas escolas.

Nesta entrevista, o autor do livro Sala de Aula Interativa critica políticas governamentais como o programa Um Computador por Aluno e questiona a inexistência de uma “injeção de ânimo financeiro” para o docente aprender a utilizar novas tecnologias. Silva também elenca outros entraves: a baixa velocidade da banda larga, a falta de formação efetiva dos docentes e a inexistência de um profissional capacitado para fazê-la.

Carta na Escola: Levantamento do Comitê Gestor da Internet do Brasil revelou que os computadores estão em praticamente todas as escolas públicas brasileiras, com 90% deles conectados à internet. Entretanto, a mesma pesquisa revelou que o professor ainda não se sente preparado para utilizar a tecnologia em sala de aula. Quais são as razões dessa contradição?

Marco Silva: A resposta é muito simples. Há uma política de inclusão de computadores nas escolas, mas não há política de formação de professores para seu uso. Os programas de inclusão dos computadores nas escolas do governo cometem esse grande erro. Nas particulares ocorre o mesmo. As pessoas acreditam que basta colocar o computador na escola para que ele imediatamente passe a interferir na mudança curricular. Não é suficiente colocar o computador num laboratório para que o professor possa incluí-lo em sua prática docente. O computador pode interferir profundamente no conceito de currículo, que está muito centrado no professor. Com o computador, a postura docente se tornará mais flexível, no sentido de os alunos ganharem mais participação e importância no processo docência-aprendizagem. Se o professor não tem uma formação adequada para o uso do computador, ele ficará alheio a essa possibilidade e o computador ficará, lamentavelmente, como já está, no laboratório, separado da prática docente.

CE: Como se deu a implementação do programa Um Computador por Aluno? Os resultados foram condizentes com a expectativa do lançamento?

MS: Não. Esse projeto nunca foi adiante. Ele aconteceu em um ou outro lugar. Primeiro, houve grande expectativa em relação ao computador custar R$ 500. As empresas que negociavam o computador nunca conseguiram efetivar esse valor. A segunda impossibilidade foi de que o computador chegou à escola, mas ela não sabia muito bem o que fazer com ele. Isso foi constatado em uma pesquisa na Uerj realizada pela professora Edneia Santos. Quando os computadores chegaram às escolas cariocas, uma das docentes disse: “O que eu vou fazer com essa caixa vazia?”. A professora imaginava que o computador chegaria como um livro ou apostila, cheio de conteúdo para ser aplicado e de informações para o aluno trabalhar. Na verdade, ela teria de incluir conteúdos diversos. Essa foi outra falha do governo: deveria oferecer o computador, formar o professor para seu uso integrado ao currículo escolar e, ao mesmo tempo, ensiná-lo a “encher” aquela máquina com conteúdos importantes.

CE: O ministro da Educação, Fernando Haddad, anunciou que vai distribuir tablets em escolas públicas. Estes equipamentos vão ajudar no processo educacional ou são mais um produto tecnológico da moda, como foi o notebook?

MS: O tablet é muito mais prático, barato e fácil de ser utilizado do que o computador. Ele rompe com o laboratório de informática, que fica separado da sala de aula, o que, às vezes, impede os professores de se deslocarem com uma turma de 40 alunos. A presença do tablet pode superar essas dificuldades. Mas continuo insistindo no mesmo problema inicial: não adianta chegar o tablet se permanecer o erro de não preparar o professor para usá-lo.

CE: Quais os desafios para o professor formado no modelo em que ele era praticamente o único detentor do saber diante de alunos que dominam ferramentas de busca como o Google ou a Wikipedia?

MS: O conceito de docência será o primeiro a ser questionado, uma vez que o computador, por distinção, é uma máquina interativa, ainda mais quando vinculado à web e às redes sociais. Ele é uma máquina de colaboração, uma máquina de autoria, uma máquina de inteligência coletiva. E o professor não está acostumado a trabalhar com essas posturas. O currículo é muito centrado em sua autoria: docente é o detentor do saber e transmite esse pacote de informação. Esta lógica está estruturada em concordância com a lógica dos meios (de comunicação) de massa, ou seja, a televisão, os impressos, o quadro-negro e até mesmo o PowerPoint. O computador tem uma lógica diferenciada, que supõe a autoria dos seus usuários. Isto tudo quebra ou questiona uma postura professoral tradicional.
CE: Que tipo de planejamento e formação o professor pode buscar, enquanto espera por essa formação do governo?

MS: É muito difícil o sujeito solitariamente correr atrás do prejuízo. É preciso que haja um projeto de formação continuada, bem estruturado, para que ocorra de fato. Porque, muitas vezes, o projeto se inicia, mas não continua. Para mudar mentalidades e práticas, não basta uma palestrazinha de fim de semana ou levar o professor uma vez por semana para o laboratório: é preciso adotar posturas interativas, colaborativas. O mais curioso dessa história é que os clássicos teóricos da educação, Paulo Freire, Anísio Teixeira, Vigotski, todos já acionavam o professor para posturas democráticas, participativas, dialógicas. Estas posturas é que precisam ser desenvolvidas com o computador. É necessário mudar essa prática milenar de ensino unidirecional, pela qual o professor não pode ser responsabilizado. O livro, a tevê e o rádio são unidirecionais – o professor respirou essa lógica durante décadas, por isso a formação terá de ser profunda e significativa. Será preciso um engajamento continuado, com professores bem preparados, para formá-los, e não treiná-los.

CE: Isso não onera ainda mais a carga horária do professor?

MS: Com certeza. Você não consegue tirar o professor para a formação dentro do cotidiano sufocante em que ele está. O professor muitas vezes trabalha em três turnos porque com um só ele não sobrevive. Vive nos engarrafamentos, estressado, com muitos alunos por sala, então é preciso que haja um plus no seu contracheque, uma injeção de ânimo financeiro. Por outro lado, é preciso uma tabela de opções de horários para que ele possa, de fato, ter flexibilidade na carga horária e atue em sua formação no cotidiano. Esses encontros de formação também precisam ser na escola – não adianta convidar o professor para grandes deslocamentos.

CE: Que tipo de profissional pode realizar essa formação?

MS: Esse formador raramente existe. Aqui você de fato vai bater com a cabeça em uma grande parede, porque não existem os formadores de formadores. O formador, em geral, não passa de um técnico de informática. Não basta chamar um rapazinho que entenda de tablets para fazer a formação. O grande desafio é articular o tablet e o computador com a mudança curricular e comunicacional em sala de aula. Os formadores são técnicos, não sabem discutir modificações curriculares, não sabem discutir teoria da comunicação, necessária para questionar a unidirecionalidade. Raros são aqueles formadores com capacidade para mexer com isso.
CE: É preciso formar o formador?

MS: É preciso formar o formador. O desafio é grande. Comprar o computador é fácil, o governo tem dinheiro para fazer isso. Mas é a parte mais simples do processo. O mais difícil é formar o formador e o formador formar o professor. E é exatamente aí que nada ou muito pouco se faz. Quando se faz, é mal feito.

CE: A posse de equipamentos de alto valor agregado, como o próprio tablet, pode elevar a autoestima do aluno de escola pública? Isto pode ter efeito positivo no rendimento em sala de aula?

MS: Sem dúvidas. O lamentável é que o aluno fica operando o tablet nos seus interesses, nas redes sociais, nos jogos online, nas suas curiosidades particulares. O desafio é motivá-lo às coisas próprias do currículo escolar.

CE: Não basta apenas entregar o tablet para o aluno?

MS: Sim, se você entregar o tablet, para onde ele vai? Para o Facebook, para o Orkut e para os games. O aluno não tem outro atrativo agregado à máquina. É preciso também fazer educação com o tablet, não só diversão.

CE: O novo Plano Nacional de Educação aposta na educação a distância para expandir matrículas, especialmente no ensino técnico e na pós-graduação. A baixa velocidade da banda larga no país pode ser um entrave à expansão efetiva da educação a distância?

MS: Temos outro problema enorme. Primeiro, a nossa internet é muito cara, talvez a mais cara do mundo. Não é de hoje que se diz que as escolas têm banda larga, é uma mentira, elas não têm. Quando há internet, ela é muito lenta, perto da conexão discada. Se no seu computador não tem internet, você experimenta um desânimo profundo – é “brochante”, como dizem meus alunos. É exatamente isso. O computador sem internet fica muito próximo de uma máquina de escrever. Não há motivação quando a banda larga não funciona, quando a conexão não funciona. Aqui nós temos outra falha enorme do governo brasileiro. Há uma espécie de promessa, a sociedade fica aguardando a efetivação disso tudo, que nunca acontece. É uma questão para ser resolvida ontem: internet funcionando com banda larga nas escolas. Mas a política pública não funciona, lamentavelmente.

* Publicado originalmente no site Carta Capital

Ensino superior: exclusão, privatização e o ProUni


O ProUni hoje contribui para aumentar a privatização do ensino superior por meio de instituições que tratam a educação única e exclusivamente como uma mercadoria. 
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Foto: Wilson Dias/ABr
Uma das principais características do sistema educacional brasileiro é a exclusão, que na educação básica afeta especialmente os estratos sociais menos favorecidos. Embora esta exclusão se inicie na educação infantil, vamos citar apenas um dado para que se possa ter uma ideia de sua gravidade: cerca de metade dos jovens sequer conclui o ensino médio e grande parte dos que o fazem apresenta enormes deficiências de aprendizado. As consequências dessa exclusão são terríveis, tanto para as perspectivas de inserção social e econômica dos excluídos, como para as possibilidades de desenvolvimento econômico, social e cultural do país. Se, já hoje, uma boa formação no ensino médio é necessária para a plena emancipação e a inserção na força de trabalho, nenhum país pode ter a expectativa de um futuro promissor se empurra para a margem tão grande proporção de seus jovens como nós o fazemos. E, na maioria dos casos, o jovem deixa a escola com um profundo sentimento de não pertencimento à sociedade e com a autoestima rebaixada, o que afeta profundamente o seu futuro relacionamento com essa mesma sociedade. As consequências estão à vista de todos.
Essa situação, totalmente inaceitável até mesmo para países com limitações econômicas maiores do que as nossas, é responsável por grande parte das nossas mazelas sociais e econômicas. Pior ainda: não apenas estamos numa situação ruim como estamos indo na direção errada, pois a taxa de exclusão do sistema escolar até o final do ensino médio aumentou ao longo da última década. No caso do Estado de São Paulo, por exemplo, apesar de a população na faixa etária correspondente à conclusão do ensino médio ter crescido em cerca de 20% no período, o número de conclusões, ao invés de crescer, diminuiu no mesmo tanto.
No ensino superior, a exclusão ocorre por meio de cursos privados, que criam enormes distorções. Por exemplo, a distribuição dos estudantes pelas diferentes áreas de conhecimento destoa fortemente do que ocorre nos demais países. A causa disto é o fato de as instituições privadas concentrarem seus cursos em áreas onde o investimento, em aulas práticas, laboratórios, professores muito especializados, etc., possa ser mantido baixo. Ainda mais: as instituições privadas formam seus estudantes com ênfase apenas no treinamento em aspectos da profissão que são valorizados no curto prazo, fazendo com que desenvolvimentos posteriores tornem seus egressos defasados. Nas instituições privadas, são limitadíssimas as possibilidades de o estudante ser engajado em uma boa iniciação científica, de dar continuidade aos estudos na pós-graduação, de ter efetivo acesso aos professores, de participar de grupos de pesquisa ou, pelo menos, assistir a seminários, palestras ou colóquios acadêmicos, de contar com boas bibliotecas e com laboratórios didáticos equipados e com pessoal preparado.
Além dos citados, a privatização cria muitos outros problemas. Como o principal critério das instituições mercantis é o financeiro, os cursos oferecidos e as regiões onde eles se instalam nada têm a ver com as necessidades do país ou das diferentes profissões e áreas de conhecimento: são majoritariamente cursos facilmente “vendáveis”, de baixo custo e nas regiões onde há clientela, não onde há necessidade. Assim, o retorno que oferecem para o país e mesmo para os estudantes, se não é nulo, é baixíssimo.
No último meio século, a privatização (medida em termos do percentual de matrículas) aumentou de 40%, imediatamente antes do período ditatorial, para os 75% atuais, de uma forma bastante sistemática. E se, na primeira metade do século passado, a rede de instituições de ensino superior privadas era constituída primordialmente por universidades confessionais que tentavam, em determinadas áreas, manter uma boa qualidade de educação, hoje, a absoluta maioria é formada por instituições movidas exclusivamente pelo ganho financeiro. É interessante notar que o único período em que a privatização não aumentou foi durante a “década perdida” da economia, a de 1980. Isto se deu, não por mérito dos governantes daquele período, mas, sim, como consequência da própria crise, ilustrando bem um dos males da privatização: transformar a educação em um ramo dos negócios faz com que, quando estes vão mal, aquela também vá. O resultado é que, ao invés de ser um instrumento de construção do país e de enfrentamento da crise, a maior evasão do sistema educacional, aumenta o contingente de desempregados e agrava a própria crise.
Se, hoje, nossa taxa de privatização destoa muito mais daquilo que se encontra ao redor do mundo (vale lembrar que nos Estados Unidos praticamente 70% das matrículas se encontram nos sistemas públicos), isto se deve às políticas no período ditatorial e ao neoliberalismo da década de 1990. Contudo, também os últimos anos (período que deveríamos chamar de “popular”?) continuaram a apresentar aumento significativo das vagas privadas, pois embora as instituições públicas tenham quase dobrado o número de vagas oferecidas na última década, principalmente por meio de instituições federais, as instituições privadas quase triplicaram as suas.
O argumento de que não há recursos, usado para justificar a privatização do ensino superior, não é válido. Qualquer que seja a forma e o local em que alguém estude, a conta é paga pela totalidade da população trabalhadora que, afinal, é a única fonte de recursos de um país. Cobrar diretamente dos estudantes, na forma de mensalidades, ou da sociedade como um todo, na forma de impostos, é uma opção política, sendo a primeira mais ineficiente e injusta do que a última. Além disso, como já mostrado em artigos nossos publicados no Jornal da USP (acessível pela internet), o investimento necessário para manter um estudante em um curso de graduação, na mesma área de conhecimento e com qualidade equivalente, é menor nas instituições públicas do que nas privadas. Por que, então, pagar mais, descarregar esses custos de forma mais injusta sobre a população para conseguir piores resultados para todos?
Uma evidência de que a privatização não é fruto da incapacidade financeira do setor público, mas, sim, uma política deliberada, é o fato de ela ser mais elevada nos Estados com maiores possibilidades financeiras: por exemplo, no Estado de São Paulo, recordista em privatização, há uma matrícula no setor público para cada 220 habitantes, situação muito pior do que nos demais Estados, onde a relação é de uma matrícula para cerca de 120 habitantes; ou ainda, uma vaga pública de ingresso para oito concluintes do ensino médio, contra uma para quatro nos demais Estados (dados de 2009).
E programas governamentais, como o ProUni, acirram nossos problemas. Dados recentemente divulgados mostram que menos de 0,2% dos concluintes do ProUni se formaram em cursos de medicina, contra cerca de 1% na média das instituições privadas e mais de 3% nas instituições públicas. Essa distorção ocorre, também, nas demais áreas fundamentais para o desenvolvimento do país, como as engenharias, as licenciaturas em física e química e, especialmente, a agronomia. Desse modo, apesar de aparentemente incluído, o jovem é, de fato, excluído das condições de estudo que ele merece e que, com seu potencial, poderia muito aproveitar. Há, ainda, outros aspectos a considerar. Apesar do ProUni arcar com as mensalidades, fica a questão de como os mais pobres poderão superar o fato de que, nas instituições privadas, moradia, alimentação e saúde subsidiadas inexistam, embora sejam fundamentais, em especial para o perfil dos estudantes selecionados.
É importante ainda observar que o ProUni atua ao arrepio da própria Constituição, que apenas tolera o repasse de recursos públicos a instituições privadas se essas forem filantrópicas, confessionais ou comunitárias e se aplicarem seus excedentes em educação, o que não é o caso da maioria das instituições beneficiadas pelo ProUni e por outras ações dos governos federal, estaduais e municipais. Afinal, isentar de impostos, taxas e contribuições sociais, como faz o ProUni, é aritmeticamente igual a transferir recursos direta ou indiretamente às instituições privadas de ensino.
Todos ganharíamos se a totalidade dos estudantes brasileiros estivesse em boas instituições públicas. Na forma que está instituído, o ProUni acaba por contribuir para aumentar um dos nossos mais graves problemas educacionais: a privatização do ensino superior por meio de instituições que tratam a educação única e exclusivamente como uma mercadoria. Da maneira como está, pagaremos caro no futuro.
* Otaviano Helene é professor no Instituto de Física da USP, ex-presidente do Inep e da Adusp. Lighia Horodynski-Matsushigue é professora aposentada do Instituto de Física da USP e foi vice‑presidente da Regional São Paulo do Andes-SN.

por Otaviano Helene e Lighia Horodynski-Matsushigue*

** Publicado originalmente no site Carta Capital.

Excesso de vitamina D pode prejudicar saúde do coração


Novo estudo realizado da Universidade de Hopkins, nos EUA, sugere que a vitamina D – muito conhecida por ser importante para a saúde óssea -, se consumida em excesso pode elevar os níveis de pressão arterial e ser, na realidade, um risco para a saúde do coração.
66 Excesso de vitamina D pode prejudicar saúde do coração
Mais recentemente, a vitamina D tem sido relacionada com proteção da saúde do coração. Em níveis crescentes, a vitamina D no sangue está relacionada à níveis mais baixos de um marcador popular para inflamação cardiovascutar, a proteína C reativa, ou CRP.
A equipe da Hopkins examinou dados de mais de 15 mil participantes reunidos em uma pesquisa nacional sobre hábitos nutricionais, realizada em 2001 e 2006. Eles descobriram uma relação inversa entre a vitamina D e CRP em adultos sem sintomas cardiovasculares, mas com níveis relativamente baixos de vitamina D.
Ou seja, níveis menores do que a média de 25-hidroxivitamina D (um indicador funcional confiável do estoque desta vitamina no organismo) por 21 nanogramas por mililitro de sangue foi associado a um aumento da CRP. No entanto, níveis maiores do que estes também estavam ligados a um aumento de CRP, que causa erijecimento dos vasos sanguíneo e, portanto, é fator de risco para problemas cardiovasculares.
Muhammad Amer, principal autor do estudo publicado no periódico American Journal of Cardiology, explica que os mecanismos biológicos e moleculares que representam a perda de benefícios cardiovasculares ainda não estão claros e mais pesquisas são necessárias.

* Publicado originalmente no site O que eu tenho?.

O PLANEJAMENTO E O PLANO ESCOLAR: A PARTICIPAÇÃO NECESSÁRIA - Prof. Pedro Ganzeli


Nos últimos anos, a educação brasileira vem sofrendo significativas mudanças, que estão a exigir de todos os agentes educacionais, que vivenciam o dia-a-dia da escola, uma nova conduta em razão da nova visão do processo educativo. 

A escola não poderia ficar alheia a esse fenômeno que é moderno e necessário a toda política que se pretende democrática. 

Planejar é um processo necessário no caminhar para a democratização do ensino na escola. O plano escolar estabelece, então, a marcha para essa caminhada, bem como as paradas para refletir sobre o acerto ou desacerto da marcha, tendo em vista avaliá-la cotidianamente. 

O planejamento educacional é informado pela concepção que cada governo expressa a respeito das funções do Estado, quando ao desenvolvimento nacional. 

Buscando colaborar no processo de pensar e fazer a escola pública, este artigo apresentará, de forma sucinta, três aspectos básicos do planejamento educacional: sua história, seu conceito e o método que prioriza a participação de todos na resolução dos problemas da escola. 

UM POUCO DE HISTÓRIA 

O planejamento educacional é informado pela concepção que cada governo expressa a respeito das funções do Estado quanto ao desenvolvimento nacional. Assim, apresentaremos um breve histórico sobre planejamento governamental no Brasil, destacando a visão que diferentes planos de desenvolvimento propiciaram à área educacional. 

No período pós-guerra, divulgou-se, nos países considerados subdesenvolvidos, o Modelo Desenvolvimentista, teoria defendida pela Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL), a qual propunha a centralidade do Estado no processo de orientação do desenvolvimento da economia nacional. 

As preocupações básicas do modelo desenvolvimentista giravam em torno da criação da infra-estrutura necessária para a instalação de indústrias no país, substituição de importação e criação de um mercado consumidor de massa nacional. Buscava-se, dessa forma, criar um desenvolvimento auto-sustentado para o país. Sua concretização dar-se-ia pela associação do capital nacional ao internacional. 

Tomando o Plano de Metas do presidente Jucelino Kubitschek como a "efetiva inauguração" do planejamento governamental no Brasil, verificamos que o setor da educação, inicialmente não previsto, foi incluído no Plano, quando da constatação de que as novas empresas precisariam de mão-de-obra qualificada. Podemos dimensionar o valor dado pelo Plano de Metas à educação, observando a alocação dos investimentos previstos para os cinco setores básicos: energia 43,8%; transporte 29,6%; industria de base 20,4; educação 3,4% e alimentação 3,2%". 

A ditadura militar, que se instalou no governo do país em 1964, assimila esse modelo, lançando mão de vários Planos Nacionais de Desenvolvimento, ganhando o setor educacional um maior destaque. Tendo como base a Teoria do Capital Humano, defendia-se a educação como um investimento e não mais como um gasto, pois, com a qualificação proporcionada por anos de escolaridade, o trabalhador teria melhores condições de progredir na carreira, alcançando as funções mais rentáveis; o empresário teria a sua disposição um trabalhador mais produtivo, ampliando a quantidade e qualidade de seus produtos e, finalmente, ganharia o governo, ao garantir uma sociedade mais adequada ao mundo moderno. O Estado, nesse período, promoveu a educação de alto nível, priorizando o Ensino Universitário e Tecnológico, procurando atender o setor industrial e agrícola, bem como instituiu o ensino profissionalizante no nível de 1° grau (LEI 5692/71) 

Na década de 80, ao mesmo tempo em que o país enfrentava uma grave crise econômica, a qual diminuiu a capacidade de investimento por parte do Estado, ampliavam-se, com a redemocratiização política, as demandas populares por educação e outros. 

Sendo, então, centralizado, o planejamento passa a ser elaborado por tecnocratas em seus gabinetes, prevalecendo as necessidades econômicas na definição dos objetivos da educação nacional. Nesse caso, "essa abordagem economicista dos problemas da população corresponde a uma visão de homem funcionalista e instrumentalizadora, na qual todas as medidas escolhidas se voltam para o crescimento econômico e em que tudo se justifica em função dos ‘objetivos nacionais’". 

Na década de 80, ao mesmo tempo em que o país enfrentava uma grave crise econômica, a qual diminuiu a capacidade de investimento por parte do Estado, ampliavam-se, com a redemocratização política, as demandas populares por direitos como educação, saúde, transporte, moradia, além de outros. A Constituição de 1988 acabou por garantir, depois de muita luta, parte dessas reivindicações populares. Nesse período, podemos verificar nos Planos de Governo a incorporação de uma nova visão de educação para a formação do cidadão crítico e não mais uma formação somente para a qualificação para o trabalho. 

A onda neoliberal chega ao Brasil nos anos 90. Com a globalização da economia, as elites internacionais e nacionais passam a defender a redução das funções do Estado. O Banco Mundial reforça seus investimentos em políticas de descentralização e desconcentração administrativas nos países em desenvolvimento. A descentralização passa a ser entendida por essa instituição internacional e seus teóricos, como sinônimo de privatização e ampliação do mercado mundial. O novo paradigma de desenvolvimento defende que os países, como o Brasil, reformulem suas estruturas econômicas, sociais e políticas para se adaptarem às novas exigências do mercado internacional. 

Segundo um documento elaborado pela Cepal/Orealc, "Educação e Conhecimento: eixo da transformação produtiva com equidade", o qual serviu de base para as reformas educacionais na América Latina, o Estado deveria redefinir o seu papel nas políticas na área da educação, devendo dirigir-se "à gestão institucional responsável (descentralização); à profissionalização e ao protagonismo dos educadores (revisão da inserção, da formação e do modo de atuar dos docentes); ao compromisso financeiro da sociedade com a educação (contribuição dos pais e da comunidade local); à capacidade e esforço científico e cooperação regional e internacional"3 . 

Essas idéias estão presentes no Plano Decenal de Educação para Todos, produzido em 1993, cujo primeiro objetivo é "satisfazer as necessidades básicas de aprendizagem das crianças, jovens e adultos, promovendo-lhes as competências fundamentais requeridas para plena participação na vida econômica, social, política e cultural do país, especialmente as necessidades do mundo do trabalho (grifo nosso)4 . Como podemos observar, reforça-se a necessidade da formação para o mundo do trabalho e incorporam-se, então, novas exigências ao trabalhador, isto é, que ele seja "flexível", de forma a corresponder aos novos padrões de produção. 

Insiste-se no velho argumento de que, com a melhoria da qualidade do trabalhador, alcançaríamos o sonhado desenvolvimento econômico e automaticamente se democratizariam as relações sociais na nação. 

Entre 1960 e 1970, os dez por cento mais ricos da população brasileira aumentaram a sua participação na renda nacional em 7%, passando de 40% para 47%, ao passo que os cinqüenta por cento mais pobres diminuíram a sua participação em dois pontos percentuais, de 17% para 15%5 . 

Formar o trabalhador não basta, é preciso que todo cidadão valha-se de sua consciência na visão dos verdadeiros interesses ocultos, por exemplo, por detrás das privatizações e terceirizações, que se espalham hoje pelo país. 

Essa tendência acentuou-se nos anos 80, quando os dez por cento mais ricos da população, que detinham 46,6% da renda nacional em 1981, ampliaram a sua participação para 53,2% no ano de 1989, ao passo que os dez por cento mais pobres, que detinham 0,95 da renda nacional em 1981, diminuíram a sua participação, alcançando 0,6% em 19896 . 

Nos anos 90, essa tendência de queda da participação da população mais pobre na renda nacional manteve-se praticamente inalterada. Os cinqüenta por cento mais pobres tiveram a seguinte participação na renda nacional: 1991, 13,6%; 1993, 12,3%; 1994, 11,3%; 1995, 12,2%7 . 

Como podemos constatar, apesar de todo o desenvolvimento econômico e todo "progresso" alcançado, as elites nacionais (e internacionais) ampliaram cada vez mais os seus lucros, ao passo que a maioria da população permaneceu com uma participação restrita na renda nacional, o que dificultou a democratização social e econômica do país8 . 

Essas observações vêm a baila, pois, se estamos preocupados em pensar sobre o planejamento numa perspectiva democrática, temos que definir qual a função prioritária da escola na sociedade brasileira nos dias atuais. Nesse sentido, cobrar da escola a formação do trabalhador capaz de exercer uma profissão com dignidade é insuficiente, pois em um país desigual como o nosso, a escola deve ir além da formação para o trabalho, priorizando a formação do cidadão, o que requer prepará-lo em toda sua humanidade. Vale dizer, preparar o cidadão consciente, atuante e crítico. 

Entre 1.960 e 1.970, os dez por cento mais ricos da população brasileira aumentaram a sua participação na renda nacional em 7%, passando de 40% para 47%, ao passo que os cinqüenta por cento mais pobres diminuíram a sua participação em dois pontos percentuais, de 17% para 15%. 

Nesse sentido, é preciso ficarmos atentos às duas propostas do Plano Nacional de Educação (PNE), em debate na Câmara Federal, uma encaminhada pelo MEC, que propõe elevar "na década, por meio do esforço conjunto da União, dos Estados e dos Municípios, do setor privado, do percentual de PIB aplicado em educação para atingir o mínimo de 6,5%", seguindo a concepção de educação defendida pelo Banco Mundial, e a proposta das Oposições, mediante a qual deve-se "aumentar em dez anos os gastos públicos com a educação até cerca de 10% do PIB para o pleno atendimento das propostas contidas neste Plano Nacional de Educação"9 . Busca-se aqui recuperar o sistema público de ensino, insistindo na responsabilidade do Estado pela manutenção do ensino público de qualidade, por intermédio de uma outra forma de ver e fazer a política educacional. 

Formar o trabalhador não basta, é preciso que todo cidadão valha-se de sua consciência na visão dos verdadeiros interesses ocultos, por exemplo, por detrás das privatizações e terceirizações, que se espalham hoje pelo país. 

Se a função da escola não é meramente profissionalizante, o planejamento deve ser necessariamente participativo, tendo em vista a construção de uma sociedade verdadeiramente democrática. 

PLANEJAMENTO: PROCESSO DE TRABALHO COLETIVO 

O planejamento para a educação em uma escola pública marca-se por influências "externas" e "internas" a seus muros. 

Torna-se, hoje, cada vez mais difícil entendermos o que se passa na escola, se desconhecemos as políticas internacionais voltadas à educação, em especial as teorias ditadas por organismos internacionais de financiamento, como o Banco Mundial, e sua política de privatizações10 . 

As novas legislações como a Emenda 14, a nova LDB, entre outras, também devem ser consideradas para a compreensão da realidade escolar, pois estas legislações "determinam" a forma de organizar e de fazer a educação em nosso país. 

As políticas implementadas pelos diferentes níveis de governo também devem ser consideradas uma importante fonte de influência no planejamento, pois, ao instituir e propor o programa TV Escola e os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), a esfera federal fez-se presente praticamente em todas as unidades escolares da nação. No âmbito estadual, o programa de Reorganização da Escolas afetou a educação do Estado de São Paulo, influenciando, ainda a organização do sistema municipal de ensino, particularmente, no que se refere à distribuição de alunos. Na esfera municipal, a influência advém das várias formas de entender e implementar a municipalização do ensino fundamental instituída com o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério. Enfim, é preciso deixar claro que a escola é influenciada por diferentes fatores além-muros, sendo de fundamental importância a compreensão do significado desses fatores para o dia-a-dia da escola. 

A autonomia é também um conceito que exprime um certo grau de relatividade: somos, mais ou menos, autônomos; podemos ser autônomos em relação a umas coisas e não o ser em relação a outras. 

Além dessas influências "externas", a escola é também influenciada por fatores advindos de sua "realidade particular", exigindo que os agentes sociais presentes em seu cotidiano façam uma análise desse mesmo cotidiano. Pensando que "cada caso é um caso", temos que ter clareza da necessidade de conhecermos o que realmente está se passando em nossa unidade escolar. 

Vejamos se, mediante um exemplo, essa idéia fica mais clara. Suponhamos três escolas: A, B e C. Apesar de a violência ser comum às três escolas, cada uma delas poderá sofrer o mesmo problema de forma distinta, ou seja, na escola "A", a violência é causada especialmente por gangues de rua, que buscam refúgio na escola, na escola "B", a violência é decorrente de brigas geradas por alunos de diferentes bairros que disputam poder no espaço escolar, na escola "C", o clima agressivo entre os diferentes segmentos da escola é gerado pela forma autoritária, pela qual a direção está conduzindo a escola. 

Cândido (1987) nos alerta que, os "elementos que integram a vida escolar são, em parte, transpostos de fora; em parte, redefinidos na passagem, para ajustar-se às condições grupais; em parte, desenvolvidos internamente e devidos a estas condições. Longe de serem um reflexo da vida da comunidade, as escolas têm uma atividade criadora própria, que faz de cada uma delas um grupo diferente dos demais"(grifo do autor) . 

Estamos entendendo autonomia escolar como um sistema de relações, conforme nos explica Barroso (1998): "A autonomia é um conceito relacional (somos sempre autônomos de alguém ou de alguma coisa) pelo que a sua acção se exerce sempre num contexto de interdependências e num sistema de relações. A autonomia é, também um conceito que exprime um certo grau de relatividade: somos, mais ou menos, autônomos; podemos ser autônomos em relação a umas coisas e não o ser em relação a outras. A autonomia é, por isso, uma maneira de gerir, orientar, as diversas dependências em que os indivíduos e os grupos se encontram no seu meio biológico ou social, de acordo com as suas próprias leis". 

O conhecimento da realidade escolar passa a ser uma exigência no processo de planejamento. Para Ferreira (1979), mais do que conhecer um método de planejamento, aquele que planeja, deve possuir um bom conhecimento da realidade a ser planejada13 . 

A participação, a nosso ver, é o melhor caminho para conhecer a realidade escolar, pois a escola analisada pelo pai não corresponde necessariamente à escola vista pelo professor, bem como pode não refletir as análises dos outros membros presentes no dia-a-dia da escola, funcionários, alunos e especialistas. Por meio da participação e do debate democrático, somente, será possível o encontro de pontos comuns aos vários segmentos, das várias "realidades" presentes na escola, que deverão ser contemplados no processo de planejamento escolar. 

A participação possibilita a incorporação dos vários significados que a escola possui por parte dos diferentes segmentos que vivenciam a realidade escolar. A escola deixa de ser do governo, do diretor, do funcionário, do professor, do pai, do aluno e passa a carregar simbolicamente um pouco de todos. A participação deve ser entendida como um processo de aprendizagem que demanda um tempo e um esforço de todos aqueles preocupados com a formação do cidadão. Nesse sentido, é preciso pensar em uma forma de planejar a escola de modo que se possibilite a participação de todos nas decisões sobre os seus rumos. 

Estamos entendendo o planejamento como um processo de organização do trabalho escolar. Podemos visualizar três momentos no processo de planejamento – ANTES – DURANTE – DEPOIS das operações, ou seja, a preparação das operações a serem desenvolvidas; o acompanhamento da execução das operações, e a avaliação de todo o processo após a execução de todas as operações. 

O primeiro é o momento de elaboração do Plano Escolar, ou seja, quando analisamos participativamente a realidade a ser planejada, levantando as suas principais necessidades (diagnóstico) e dessas passamos a decidir sobre os objetivos que desejamos alcançar (objetivos), como também sobre os caminhos que vamos seguir para alcançar esses objetivos (programação) e o que vamos precisar para seguir nesse caminhar (recursos). Ainda, nesse momento, teremos de decidir sobre o momento e a forma de avaliação do planejamento (avaliação). Todas as decisões coletivamente tomadas, no primeiro momento, devem ser registradas no documento que chamamos de Plano Escolar. 

O ideal é a seleção de problemas que envolvam toda a escola. Vale lembrar que o problema selecionado seja expresso de forma clara e objetiva, facilitando o entendimento de toda a comunidade escolar, até mesmo daquelas pessoas que não participaram das discussões. 

O segundo momento do planejamento caracteriza-se pelo acompanhamento da execução das operações. Acompanhar significa interagir com a realidade, ou seja, estar atento para mudar os rumos das operações, caso elas não satisfaçam os objetivos do planejamento, pois a dinâmica escolar pode se alterar exigindo certas modificações nas operações inicialmente pensadas. Devemos estar sempre atentos às necessidade de mudança do percurso, se realmente estamos interessados em alcançar determinados objetivos. 

O terceiro momento do processo de planejamento corresponde à avaliação de todo o caminhar, ou seja, quando verificamos quais as operações que levaram a alcançar os objetivos propostos e aquelas que, mesmo executadas, não tiveram o efeito desejado para o alcance dos objetivos inicialmente propostos. Nesse momento, ao analisarmos os acertos e erros, estaremos preparando um novo planejamento, pois, como processo, esse planejamento carateriza-se por um contínuo planejar, acompanhar, avaliar, replanejar, etc... (Ferreira,1979). 

Todo processo de planejamento tem por objetivo alterar uma dada realidade, ou seja, espera-se com a implementação do planejamento que ocorram mudanças políticas, pedagógicas e administrativas na realidade escolar. Apesar de parecer "óbvia" esta afirmativa torna-se necessária, pois ainda está muito presente entre os agentes educacionais a visão de que o planejamento e, principalmente, o plano escolar, não passam de mera formalidade legal. Essa visão acaba por impedir ações que garantam a organização do trabalho coletivo na escola e, consequentemente, a democratização das relações na unidade escolar. Nesse sentido, de nada adianta darmos novos nomes e formas ao plano se este será elaborado dentro de uma concepção fechada de planejamento. Muda-se a forma, introduzem-se novos e sofisticados conteúdos, mas o seu significado permanece o mesmo, um documento legal sem influência no cotidiano escolar. 

Com a preocupação de garantir a "operacionalização" do planejamento participativo, apresentaremos a seguir um método de elaboração do Plano Escolar, baseado no Método Altadir de Planificação Popular14 , que tem na participação e na resolução de problemas suas principais características. 

A PRODUÇÃO DE UM PLANO ESCOLAR 

As orientações a seguir possuem a finalidade de viabilizar a produção de um Plano Participativo, por meio da resolução de problemas levantados e explicados por todos os segmentos que vivenciam o dia-a-dia da escola. Mais que a apresentação de um método de planejamento, este roteiro tem a intenção de refletir sobre uma das inúmeras formas de possibilitar a participação planejada de todos os segmentos na unidade escolar, sendo aceitável, desta forma, modificações em sua estrutura de modo a facilitar sua aplicabilidade. É de fundamental importância que o plano seja compreensível para toda a comunidade escolar (pais, alunos, professores, funcionários e especialistas do ensino), portanto sua linguagem deve ser clara e objetiva. 

Para melhor transparência e divulgação das ações a serem realizadas pelos agentes escolares, pensamos na produção de um Painel, que descreva de forma clara todo o processo de planejamento em detalhes, ou seja, o PROBLEMA, seus INDICADORES, suas CAUSAS, as OPERAÇÕES, os RECURSOS necessários, o PRAZO DE EXECUÇÃO, os RESULTADOS esperados de cada operação, a AVALIAÇÃO da operação e, finalmente, a REVISÃO GERAL delas. Para facilitar a montagem desse painel, foram elaboradas fichas correspondentes a cada parte do plano, conforme explicaremos a seguir. 

O primeiro passo para a elaboração de um planejamento participativo é fazer que os problemas a serem tratados pelo Plano partam do seio da comunidade escolar. Assim, é necessário que cada segmento da escola, representada por pais, professores, funcionários, alunos e especialistas, selecione um problema que, segundo sua opinião, está afetando a escola. (Exemplo: pais = falta de segurança, professores = falta de interdisciplinaridade, alunos = falta de quadra para a prática de esportes, funcionário = falta de respeito por parte dos professores, direção = indisciplina dos alunos, superlotação das classes, falta de professores, etc.). Após o levantamento dos problemas apontados por todos os segmentos, torna-se necessário hierarquizá-los, priorizando aqueles mais votados por toda a comunidade escolar ou mesmo discutidos em reuniões do Conselho de Escola. Os problemas devem tratar de temas dentro dos limites da escola, pois existem alguns externos, os quais, apesar de afetarem diretamente a escola, são de difícil acesso para a comunidade escolar. O ideal é a seleção de problemas que envolvam toda a escola. Vale lembrar que o problema selecionado seja expresso de forma clara e objetiva, facilitando o entendimento de toda a comunidade escolar, até mesmo daquelas pessoas que não participaram das discussões. Um plano escrito de forma clara torna-se um instrumento pedagógico para a comunidade escolar, pois explica à mesma os problemas presentes na instituição e as soluções propostas para a sua resolução, o que garante a colaboração de todos na execução do mesmo. 

A) PROBLEMA - Pense num problema que interfira negativamente na escola. É comum, nessa parte da discussão uma certa dificuldade na definição do problema, pois, em certos casos, não é muito clara a distinção do problema e suas causas, ou mesmo conseqüências, o que exige um tempo maior de discussão. 

Ficha 1 

Problema: Indisciplina do aluno 

B) INDICADORES - Quais os dados quantitativos ou qualitativos que demonstram a existência do problema na escola? 

Ficha 2 

Indicadores: 

I1 - Alto índice de alunos suspensos no 1º bimestre
I2 - Brigas constantes nos corredores e pátio da escola
I3 - ... 

C) CAUSAS - Quais as causas do problema? Descreva, de forma clara e objetiva, as principais causas do problema selecionado, identificando-as com uma sigla para facilitar a sua identificação ex: C1; C2...: 

Ficha 3 

Causas: 

C1 – Presença de turmas de alunos de bairros diferentes, gerando disputas pelo espaço escolar.
C2 – Falta de professores gerando períodos livres aos alunos.
C3 – Ausência de funcionários de apoio, dificultando a organização dos alunos nos períodos de recreio, entrada e saída de alunos
C4 – Baixa estima do aluno em relação à escola e a seus colegas 

D) OPERAÇÕES – Para cada causa elabore uma ou mais operações que enfrente o problema apontado. Nestas operações devem ser apontados: 

- QUEM - professor João; funcionária Maria; uma comissão formada por um pai (Lourdes), um funcionário (Paulo) e uma aluna da 7º serie (Raquel) - responsabilizar-se-ão pela realização/ coordenação da operação;
- O QUE será feito para eliminar a causa apontada anteriormente; esta é a ação propriamente dita;
- RECURSOS - explicitar os recursos físicos, humanos e financeiros necessários para a concretização das operações;
- PRAZO DE EXECUÇÃO - tempo necessário para a organização e execução da ação proposta;
- Explicite quais os RESULTADOS que esperam ser alcançados com a ação proposta;
- Descreva o processo de AVALIAÇÃO de cada ação, ou seja, QUEM vai avaliar (o diretor, a comissão formada..., etc.), COMO vai avaliar, quais os instrumentos utilizados para a avaliação (questionários, relatórios e outros) e QUANDO será realizada a avaliação (logo após a ação executada, após duas semanas da ação executada, etc.). 

Seguindo estas orientações, podemos preencher as fichas de forma a possibilitar melhor visualização de cada passo do processo de planejamento. 

A seguir, mostraremos 3 modelos de fichas para Operação: 

Ficha 4 A – Para uma causa, três operações: 

C 1: Rivalidade entre alunos de bairros diferentes 

OPERAÇÃO 1: (QUEM) Uma comissão formada pela vice-diretora, dois professores (José e Ruth) e um pai de aluno (Sr. Carlos), (O QUE) organizarão a apresentação de um filme que trate do tema, seguido de debate entre alunos e professores; (Grupos de 90 alunos por apresentação). 

RECURSOS: Físicos = Refeitório; Telão; Equipamento de Som / Humanos = Professores das classes correspondentes, coordenadora pedagógica, três pais representantes da APM, um funcionário da limpeza/ Financeiros = O aluguel do telão será pago com verbas da APM. 

PRAZO DE EXECUÇÃO da Operação = no primeiro mês de aula. 

RESULTADOS ESPERADOS = Conscientização dos alunos sobre os prejuízos decorrentes das brigas na escola. 

AVALIAÇÃO = (QUEM) A vice-diretora, auxiliada pelos professores, aplicará (COMO) um questionário aos alunos para saber a sua opinião sobre a atividade, bem como as suas sugestões, (QUANDO) uma semana após a realização da mesma. 

OPERAÇÃO 2: (QUEM) Uma comissão formada pela coordenadora pedagógica, dois professores (Raquel e Paulo), uma mãe de aluno (Sra. Ana) e três alunos do Grêmio Estudantil (Marcos, Luiz e Lourdes), (O QUÊ) organizarão um campeonato de futebol de salão e outro de vôlei, com a colaboração dos professores de Educação Física. 

RECURSOS: Físicos = Quadra poliesportiva ; sala de Reuniões; Computador (Elaboração das tabelas de jogos e divulgação dos resultados)/ Humanos = Professores de Educação Física; três pais de alunos; três representantes dos alunos; um funcionário; vice-diretora/ Financeiros = Para compra das medalhas e troféus, serão captados recursos na iniciativa privada (comerciantes do bairro). Caso estes recursos não sejam suficientes, a APM se comprometerá com os gastos com o campeonato. 

PRAZO DE EXECUÇÃO da ação = no segundo e terceiro mês de aula 

RESULTADOS ESPERADOS = Aproximação dos alunos, bem como dinamização das relações entre eles por meio da prática de esportes 

AVALIAÇÃO = (QUEM) Uma comissão formada pela coordenadora pedagógica, dois professores, dois pais, dois alunos, farão (COMO) uma pesquisa, por meio de questionário padronizado endereçado aos vários segmentos da escola, para saber a opinião de todos sobre a influência dos eventos esportivos no comportamento do aluno na escola, (QUANDO) uma semana após o encerramento do mesmo. 

OPERAÇÃO 3: (QUEM) A coordenadora pedagógica (O QUÊ) organizará uma palestra sobre agressividade, com um especialista convidado (psicólogo, antropólogo, sociólogo, entre outros profissionais) aberta a toda a comunidade escolar. 

RECURSOS: Físicos = Refeitório (manhã, tarde, noite); aparelho de som, retroprojetor, mesa, cadeira./ Humanos = O coordenador pedagógico e o palestrante/ Financeiros = A comissão tentará obter da diretoria de ensino verbas para o pagamento das despesas do evento (pagamento e transporte do palestrante). Caso falhe esta tentativa, a comissão tentará obter da prefeitura, Sociedade Amigos de Bairro, entre outras instituições sociais, as verbas necessárias para a realização do evento, e a APM deverá ser acionada, uma vez esgotadas as outras alternativas de pagamento. 

PRAZO DE EXECUÇÃO da ação = no segundo mês de aula 

RESULTADOS ESPERADOS = Ampliar a visão da comunidade sobre as conseqüências indesejáveis da agressividade para a escola e para o aluno. 

AVALIAÇÃO = (QUEM) A comissão (COMO) elaborará um relatório sobre o evento, com o número de participantes e as principais questões levantadas (QUANDO) durante a palestra, bem como novas sugestões surgidas durante o evento, o que deverá ser apresentado no Conselho de Escola, no final do semestre. 

Ficha 4 B – Para uma causa, duas operações 

C2 – Falta de professores gerando períodos livres aos alunos 

OPERAÇÃO 4: O diretor junto com o Conselho de Escola enviará um pedido à D.E. no sentido de agilizar a substituição de professores na escola 

RECURSOS: Físicos/ Humanos/ Financeiros = Serão providenciados pela direção da escola. 

PRAZO DE EXECUÇÃO da ação = no primeiro mês de aula 

RESULTADOS ESPERADOS = Diminuir o número de aulas vagas 

AVALIAÇÃO = O diretor informará o Conselho de Escola sobre o andamento do pedido, nas reuniões ordinárias e extraordinárias, caso estes ocorram. 

OPERAÇÃO 5: O coordenador pedagógico organizará, com a colaboração dos professores, uma coletânea de fitas de vídeos com assuntos temáticos, para serem exibidas na ausência dos professores. 

RECURSOS: Físicos = Televisão e vídeo cassete/ Humanos = Coordenador pedagógico/ Financeiros = Aluguéis de fita serão pagos com verba da Caixa Escolar. 

PRAZO DE EXECUÇÃO da ação = no primeiro mês de aula 

RESULTADOS ESPERADOS = Aumentar a permanência do aluno em sala de aula 

AVALIAÇÃO = Uma comissão formada pelo Coordenador Pedagógico, um professor, um pai e um aluno farão um relatório para o Conselho de Escola, a ser apresentado no final do semestre, mostrando a influência dessa atividade na redução de alunos nos pátios e corredores da escola, entre outros efeitos. 

Ficha 4 C – uma causa, uma operação 

C3 – Ausência de funcionários de apoio 

OPERAÇÃO 6: O diretor junto com o Conselho de Escola, enviará ofício à Prefeitura Municipal solicitando a contratação de funcionários. 

RECURSOS: Físicos/ Humanos / Financeiros = Serão providenciados pela direção da escola. 

PRAZO DE EXECUÇÃO da ação = no primeiro mês de aula 

RESULTADOS ESPERADOS = controlar melhor a entrada e a saída de alunos 

AVALIAÇÃO: O diretor informará o Conselho de Escola sobre o andamento do pedido nas reuniões ordinárias e extraordinárias, caso estes ocorram. 

Ficha 4 D – uma causa, uma operação 

C4 – Baixa estima do aluno 

OPERAÇÃO 7: Uma comissão formada por dois professores, dois pais e dois alunos organizará uma campanha de valorização do aluno na escola por meio da organização de um campeonato de xadrez, dama e pingue-pongue. 

RECURSOS: Físicos = Sala de Competição; Tabuleiros; mesa de pingue- pongue; refeitório/ Humanos = A comissão fará o levantamento do número de juizes e fiscais de mesas, necessários para as competições/ Financeiros = A comissão organizadora do evento encaminhará às indústrias da região pedidos para o fornecimento das medalhas e troféus para a premiação dos participantes. A APM deverá ser acionada, uma vez esgotadas as outras alternativas de pagamento. ( o trabalho desta comissão deverá ser feito de forma integrada com o da comissão que organiza o campeonato de futebol de salão e vôlei). 

PRAZO DE EXECUÇÃO da ação = no segundo e terceiro meses de aula. 

RESULTADOS ESPERADOS = ampliar a integração entre os alunos. 

AVALIAÇÃO = A comissão fará uma pesquisa com os professores e alunos, por meio de um questionário-padrão, para saber sua opinião sobre a influência do referido evento sobre o comportamento do aluno, o que ocorrerá após o evento. 

OPERAÇÃO 8: Uma comissão formada por dois professores, dois pais e dois alunos organizará a fanfarra da escola. 

RECURSOS: Físicos = Locais apropriados para o ensaio e guarda dos instrumentos/ Humanos = Maestro, dois professores, dois pais de alunos/ Financeiros: A compra dos instrumentos poderá ter a colaboração de empresas próximas da escola; por meio da realização de uma festa da primavera, organizada pela escola; por meio de pedidos feitos às Secretarias de Cultura (estado e município). 

PRAZO DE EXECUÇÃO da ação = no primeiro semestre de aulas 

RESULTADOS ESPERADOS = ampliar a integração entre o aluno e a escola 

AVALIAÇÃO = A comissão fará um relato avaliativo para o Conselho de Escola, no final do semestre. 

E) REVISÃO GERAL - É indispensável um período para que cada responsável faça um relato avaliando os resultados alcançados com as operações. É importante lembrar que existirão durante a execução destas operações, várias interações entre elas, sendo de grande importância uma análise conjunta de todas, a isso estamos chamando de revisão geral, a qual poderá ser feita por meio de uma reunião aberta do Conselho de Escola, no final do semestre. Desta revisão geral poderão sair os pontos norteadores do próximo plano escolar.